Queda do Muro de Berlim completa 33 anos

Translator

Portão de Brandemburgo em junho de 1988. Autor desconhecido.

O maior símbolo da Guerra Fria começava a ser derrubado em 9 de novembro de 1989. O Muro de Berlim desmoronava depois de dividir a cidade por décadas. Entretanto, a sociedade alemã levaria mais tempo para se reintegrar de fato.

No final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi invadida pelos exércitos aliados. Após a guerra, o país foi dividido ao meio. A parte oeste ficou com o lado capitalista, liderado por Estados Unidos, Reino Unido e França. A parte leste ficou sob domínio da União Soviética. Assim, surgiram a República Democrática Alemã (RDA) – Alemanha Oriental, comunista – e a República Federal da Alemanha, conhecida como Alemanha Ocidental.

A Guerra Fria estava no seu auge e fazia o mundo se dividir entre os blocos capitalista e socialista.

Berlim também estava dividida ao meio, separada por capitalistas em Berlim Ocidental e comunistas em Berlim Oriental. A questão é que Berlim estava no território da Alemanha Oriental, era uma cidade rodeada pelo domínio comunista. E, de repente, a situação se agravou.

Em agosto de 1961, o governo da Alemanha Oriental, em parceria com a União Soviética, decidiu cercar toda a Berlim Ocidental com arame farpado. Isso mesmo. Em questão de horas, a fronteira era fechada e Berlim Ocidental se transformava numa ilha capitalista no meio da Alemanha Oriental.

Milhares de pessoas tiveram que decidir em pouco tempo de que lado ficariam. Meses depois, o arame farpado seria substituído por uma estrutura de 155 quilômetros de extensão com muros, torres e sistemas de segurança.

O objetivo do gigantesco muro era impedir que pessoas fugissem do lado comunista e fossem para Berlim Ocidental. Era crime tentar fugir e atravessar o muro. Quem tentava fazer isso era tratado como traidor. Os soldados que guardavam o muro tinham a permissão para atirar contra fugitivos se as ordens de parada não fossem obedecidas.

Por 28 anos o muro separou milhares de alemães. Famílias, parentes e amigos ficaram sem se ver. Centenas de pessoas morreram tentando atravessá-lo.

No final da década de 1980, a União Soviética já apresentava sinais de colapso e o líder Mikhail Gorbachev implantou medidas de abertura política e econômica. A Alemanha Oriental tentava resistir às mudanças soviéticas, mas já não era mais possível. Em novembro de 1989, houve o início da Queda do Muro. Finalmente, os alemães puderam cruzar a fronteira.

A reunificação da Alemanha aconteceu formalmente apenas em 3 de outubro de 1990, quando a Alemanha Oriental foi dissolvida e todo o seu território passou a fazer parte da Alemanha Ocidental. A União Soviética acabou em 1991 e os países membros do bloco se tornaram independentes.

Mesmo após décadas, indicadores sociais mostram que a integração da sociedade alemã não está completa. Por exemplo, alemães orientais, em média, ainda ganham menos do que os alemães ocidentais.

 

A democracia renasce na Alemanha

 

Quando se estuda Socialismo e Comunismo é de praxe ler sobre a Revolução Cubana, a Coluna do brasileiro Luís Carlos Prestes, Mao Tsé-Tung na China e toda a história da União Soviética. Esses regimes de governo fizeram sentido para líderes e povos, mas já não cabem no século 21.

A luta da classe operária contra a burguesia e a consequente tomada do poder pelos trabalhadores sempre termina numa ditadura que dura décadas. A História mostra isso. Cuba, Coreia do Norte e União Soviética viveram isso.

No livro O Manifesto Comunista, publicado em 1848 por Karl Marx e Friedrich Engels, é possível sentir a indignação dos autores e o senso de urgência por mudanças sociais. A luta socialista chamou a atenção para os abusos e os crimes cometidos por patrões e empresários no século 19. Marx deve ter visto situações absurdas. Com esse movimento, trabalhadores e camponeses se uniram, formaram sindicatos, organizações e lutaram por melhores condições de trabalho.

Idealizado por Marx e Engels, o Comunismo nunca existiu, não em sua essência. Revolução, tomada do poder, instauração do socialismo, operários no comando... sim, tudo isso ocorreu. Porém, a última fase do projeto comunista não aconteceu: a implantação de uma sociedade comum e livre, com as pessoas possuindo terras, trabalhos, direitos e educação de forma igualitária.

Não funcionou porque não há como nivelar todas as pessoas de uma sociedade. Elas são diferentes e os seus recursos, crenças e modo de viver também são diferentes. O equilíbrio duraria alguns minutos. O que se viu foi o uso de força militar, censura, corrupção e confisco de propriedades para o Estado comunista manter o controle social, político e econômico. É necessário avaliar esses fatos com olhos de observador.

Atualmente, o trabalhador que atua numa fábrica ou numa fazenda tem os seus direitos preservados. A Constituição brasileira garante isso. É claro, os governos e a sociedade devem fiscalizar as atividades para que direitos e deveres sejam cumpridos. É difícil de acreditar, mas ainda existe trabalho escravo no Brasil e em outros países.

O Muro de Berlim avisa que a separação de um povo é triste e cruel. Até agora a Alemanha trabalha para reintegrar os seus cidadãos. O povo alemão derrubou velhas ideias e reunificou o seu país. A democracia alemã renasce e hoje tem condições de receber refugiados de vários lugares do mundo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Livro ‘Hiroshima’ conta a história de seis sobreviventes da bomba atômica

Passeio histórico na Serra do Mar